Xaral Soul Surfers

Friday, December 29, 2006

O Síndroma Português

Invariavelmente o dia começara cedo.
Não tão cedo como o desejado nem tão tarde que pudesse ser mais tarde lamentado. O campismo selvagem tem o condão de acordar todos quantos se entregam a esse modelo de férias com a diferença de poucos minutos. Perdoem-me a insistência na referência de "Selvagem" mas tenho para que mim o acto de montar tendas como obedecendo a um plano urbanístico, partilhar fogareiros com os vizinhos, e de pagar uma taxa para se dormir no chão tem um quê de foleiro. Já o campismo selvagem faz-me pensar que somos assim uma espécie de Soul Rebels...rebeldes sem causa. James Deans num carro a gás...uns John Rambos sem a metralhadora rotativa. Não se ria caro leitor, que eu próprio não me sinto longe de tal personagem. Não caço Javalis com paus afiados mas havia de me ver a abrir uma daquelas lata sem puxadores munido apenas de um canivete. E sem ser dos suíços.












Mas dizia eu. A hora do despertar rondava mais ou menos as dez horas da matina. Ao contrário das nossas experiências campistas anteriores em território nacional , aqui o sol ao invés de nos acordar de repente com uma bofetada de calor no trombil , tinha a amabilidade de vir devagarinho espreitando por detrás das nuvens. Tal e qual como dois namorados se acordam mútua e lentamente um ao outro depois de uma noite de amor.





















Era essa a nossa realidade...enamorados com o Sol de Hossegor. Não comprometidos. Nunca assinámos qualquer papel em que nos comprometíamos a amá-lo e respeitá-lo até ao fim das nossas férias. Muito menos acordos de comunhão de bens. Portanto , mal sentíssemos o "apelo" de uma qualquer outra "localidade" não precisaríamos sair de fininho com a desculpa de comprar tabaco ou de jurar que "não...não existia nenhuma outra vila na nossa vida". O Sol ficaria com as suas nuvens e nós com as nossas tendas. Isso no entanto era problema que não se punha no momento pois para além da beleza da vila, a falta de pudor na praia de nudistas em que assentávamos arraiais durante o dia continuava a agradar á comitiva Xaral Soul Surfers. Pena que quando na praia o ambiente não era o melhor as saídas de esgoto apresentavam-se ali...a céu aberto.

No entanto havia um elemento da trupe para o qual o ambiente parecia estar sempre à altura das suas exigências. A agulha da bússola de Johny BeGood parecia estar um pouco descontrolada e encontrava o norte em praticamente todas as direcções.













O crowd surfístico fazia-se sentir nesta praia ,Les Cull Nulls, com menor intensidade e ainda nos foram proporcionadas exibições de puro Surf por parte dos Irmãos BeGood´s. E digo puro porque é disso mesmo que se trata quando os dois livres de qualquer tipo de roupagem gozaram o seu desporto favorito. As reacções porém eram ambíguas. Se por um lado a sensação de liberdade era incrível...por outro lado...bem...por outro lado nada que meio tubo de Halibut não resolvesse em poucas horas.

Quando a maré não nos presenteava com ondas de qualidade proporcional ao elevado nível de surf que a comitiva apresentava, quando a fome apertava , ou quando os BeGood´s insistiam já não haver creme protector suficiente dado que Longborda insistia em preservar a palidez que herdara da sua linhagem de nobre, era então altura de visitar uma das duas galerias comerciais por nós eleita. O leitor provavelmente nunca terá ouvido falar de nenhuma delas, mas aqui deixo os seus nomes e o testemunho de serem casas de gourmet de qualidade superiora para assim contribuir para a sua cultura geral. Quando for abordado com a pergunta..."E Hossegor? Conhece?"...responda com um ..."Por quem me toma....o nutella da casa LeClerc é inesquecível.". Pode falar ainda dos patés do Intermarchet que será tido em boa conta.











































Já satisfeitos com a famosa "nouvelle cousine" (não imaginam a diferença do Nesquik de lá para o de cá) seguíamos invariavelmente para o centro da vila onde fazíamos jús ao adjectivo de portoghesi criado pelos italianos para definir uma pessoa que...bem....para definir um português. Assim sendo invadíamos as lojas Hossegorianas em busca de tudo o que pudesse dar uma foto para mais tarde recordar. E se era para recordar...cá vai...










































Aproveitávamos também recorrentemente para nos vingarmos do roubo claro de que foi vítima a selecção das quinas aquando do Mundial de 2004 . Somos demasiado patrióticos para deixar para trás um acerto de contas em nome de todos os portugueses e portuguesas e nunca tendo em mente o proveito próprio criámos um modelo de jogo em que chegámos a dar pazadas de 5-0 como se pode constatar na foto em baixo.










Normalmente despediamo-nos do Sol ao final do dia ainda dentro de água. Os últimos sets eram já iluminados pelo reflexo da lua. E esta pedia-nos repouso. Pedia-nos um reabastecer de energias proporcionado por um jantar rico em tudo que é vitamina cálcio e ferro, que nos reconfortasse e nos proporcionasse um ganho de energia que fosse para enfrentar o Sol que nos saudaria outra vez pela manhã. Pedia...pedia...mas nós que somos muito machos mandavamo-la ir dar uma volta ao..ao...ao planeta terra! Era hora da banhoca no chuveiro da praia já a tremer de frio, de vestir os jeans...de calçar a sapatilha que teimava em aromatizar o cheiro do nosso Audié. Era também a hora da pizza. E toda a gente sabe que ninguém faz pizzas como os...holandeses. Rumávamos então até á tal roulotte holandesa que confeccionava as melhores pizzas italianas que aquela vila francesa já havia provado. Vive L' Europe!

Depois era rumar até ao sítio onde tudo acontecia assim que a lua ia já bem alto. E de tudo aconteceu...

Alguns pack´s de cerveja mais tarde concordámos que era bem empregue o montante mais ou menos obsceno que nos pediam à porta da discoteca local. Havíamos chegado a essa mesma conclusão no dia anterior e no seguinte não foi diferente. À medida que se esvaziava a caneca da imperial , miúdas que antes passavam imunes ao nosso radar faziam agora soar o alarme na torre de controlo. Um homem com 2 a 3 litro de cerveja no estômago sente-se tudo menos ignorado. Se se sente observado é claramente pelo seu charme contagiante (e nunca pelo fino bigode que a espuma da cerveja desenhou), se pelo contrário não sente em si olhos postos será certamente por uma de duas razões. "Ou a gaja se tá a fazer difícil...ou é tímida!"
Já no interior da discoteca o volume elevado com que o Dj passava o som electrónico, parecia marcar o compasso de tudo o que era bunda por ali. Mas tudo o que era bunda por ali naquela noite resumia-se a dois ou três pares de nádegas flácidas cujo pouco interesse suscitava à comitiva. Depois de abordar uma barmaid lá percebi qie era mais tarde que a coisa aquecia.
Entre gin´s e vodkas comentavam-se as proezas do dia. No entusiasmo dos relatos dos tubos que uns juravam ter feito e que outros juravam não ter visto nem reparávamos que á nossa volta o espaço nocturno fazia agora jus á sua fama e as "ladies" começava a preencher agora o recinto. No meio de uma já eufórica casa , Longborda (ás vezes gosto de falar na terceira pessoa...manias do juga da bola que tenho dentro de mim) lançara-se á pista enquanto Johny BeGood e Roy Mckee trocavam galhardetes com umas senhoras que por ali paravam. E digo Senhoras pois ensinaram-me a ter respeitinho pelos mais velhos.













Quando vieram a si já andava Longborda no meio da pista a conduzir uma francesa. Dizem que se aprendeu na integra uma língua quando os pensamentos fluem já nesse idioma. Pois na cabeça de Longborda "Cést pas possible" era a única frase que fazia sentido. No meio das loucuras que cometia nos braços de Longborda aquela Loura ia-lhe segredando ao ouvido promessas que envolviam as tendas na areia ali bem perto.

Tenho por certo que existem na verdade as ditas almas gémeas. Mas penso que um ser humano com sorte encontra no máximo uma...vá duas que façam jus a esses estatuto. Não é fácil. Ora aquela voluptuosa criatura cometeu a peripécia de encontrar as suas duas nem com uma meia hora de diferença. É a única explicação que encontro...
Longborda Luigi , qual macho latino, deixou a sua presa mais que certa abandonada no meio do couto ciente de que esta já de asa ferida não poderia ir longe. Vítima depois do apelidado "Síndroma do Português que julga que é ZéZé" juntou-se aos seus amigos de copo na mão à espera dos mais que certos incentivos e elogios à sua capacidade de ataque.
À pergunta -"Quem é o maior?" , a resposta surgia em uníssono. -"Longborda!!!"
Ora não é que ainda este não se preparava para o Xeque-à-Rainha , aparece um qualquer Franciú que resgata a Loura do meio da pista e literalmente desfere um mortífero Xeque-Mate que retira imediatamente Longborda do jogo. Poucos minutos depois já o casal subia a escadaria que daria acesso à praia. A pergunta -"Quem é o maior?" deixava de fazer sentido e a comitiva reconfortava Longborda com as previsões para o surf do dia seguinte. Longborda deu a volta em três minutos. Não era uma Loura que se ia meter entre si e os seus comparsas. Se ainda fosse uma morena... Uma Loura nunca! Imaginou o tal franciú a acordar no dia seguinte numa banheira cheia de gelo e sorriu. Positivo que era por natureza ainda pensou...-"do que eu me safei!". Foi só encostar a cabeça na almofada que, e com a ajuda do rítmico ressonar de Roy, repensou a questão. -"Naaa....a volta era um homem...". E adormeceu.

Wednesday, October 11, 2006

Bonjour Hossegor

Estou deitado. Pelo toque adivinho serem de seda pura os lençóis que nos cobrem os corpos desnudados. De seda pura é também, decerto, esta pele branca. Imaculada.
Ao meu lado,deitada, desperta agora de um sono profundo.




















Acorda e abre os olhos que buscam a minha face. Ao encontrá-la sorri. E esse sorriso diz-me precisamente o que quero ouvir. Precisamente aquilo que qualquer homem deseja ouvir desta mulher. Deste hino á perfeição. Não "ouço",adivinho...
Estou ainda meio em transe quando batem á porta e para lá desvio o meu olhar...

-"Petit Dejeneur monsieur..."

Ah...acordou antes de mim e fez-me uma surpresa. Como eu adoro surpresas...

É quando me viro para a agarrar e a encher de beijos que me deparo com o facto de ela ter cortado o cabelo, ter barba e emanar um terrível cheiro denominado no mundo olfactivo como "chulé"! Uuuuuoooouuu!!!

LBL -"Hã?!? Epá... Uuuouu....Roy????????????? Tu aqui??????????? Onde é que ela está???? Onde??? QU´É ESTA MERDA???"

Roy -" Mmmmmmm...hã?"-balbuciava roy enquanto tentava desenrolar a língua que parecia atada com três nós cegos.

Ouço de novo...

"Petit Dejeneur monsieur" ..."Peting Dejeterdite monsiuer"...

LBL- "Hã?, Peting Dejerterdit?"- penso com os meus botões enquanto olho para a porta do quarto e presencio a sua transformação num fecho "eclair" mesmo diante dos meus olhos.

Batem à por...Abanam a por...Abanam a tenda e ouço já vou ouvindo melhor....

"Camping Interdite Monsiuer...Bonjour Camping Interdit.."

Encolho os ombros e enfrento a situação. É capaz de isto ser verdade. Talvez "ela" nunca tenha existido. É capaz...mas não é certo. É capaz...
Mas vamos por partes. Parece que tenho um francês maluco a abanar-me a tenda. E parece também que o meu companheiro Roy lá conseguiu com a sua destreza de mãos desenrolar dois dos nós que lhe dificultavam a expressão dos seus sentimentos matinais.

Zzzziiiiipppp...

"-Bonjour monsieur..." - Ao abrir a tenda deparo-me com um casal que pelo traje que envergam facilmente se adivinha serem polícias. O " Police Municipel" que proferem a seguir não deixa margem para dúvidas. Depois de nos explicarem que o campismo selvagem era naquelas paragens interdito (coisa que fingimos desconhecer por completo), deram-nos dez minutos para desmontar-mos o "acampamento" e seguirmos viagem. Evidentemente, que com o nosso respeitinho pela autoridade fomos o mais rápidos possíveis nesta tarefa...

Foi só comer qualquer coisita...




































....coçar um pouco a micose...



























...e descansar um bocado para não arrancar assim de repente.













Seguia-se a preparação da carroça. Caro leitor, se seguiu passo a passo esta aventura e ainda não se apercebeu da complexidade desta tarefa é porque ainda não parou para pensar.
Não assimile só a informação, processe-a. Visualize...
Ora portantos, a "carroça" conta neste momento com:

Seis pranchas e duas tendas...

...dois "manos"...















...
dois "putos"...















...e um "cadáver"!!














Acrescente-lhe a bagagem de cada um, os 87 enlatados que André Iran não consentiu que ficassem em terra e ainda uma quantidade enorme de tralha que se encaixava milimetricamente, quais peças de um tetris, nos espaços a que pertenciam. Posso ainda confessar-lhe o meu espanto quando na primeira desmontagem da viagem me apercebi que Johny Begood tinha levado nada mais nada menos que um par de tochas em bambu para, e nas palavras do próprio..."dar um toque mais acolhedor". É realmente de um homem sensível preocupar-se com aprimorar o "ambiente" numa viagem em que o pequeno almoço era invariavelmente duas latinhas de atum Ramirez com grão e cebola logo pela manhã.

Visualize e faça comigo este exercício. Pense em cinco grandes amigos seus, daqueles com quem pode ferver em pouca água. Daqueles a quem pode, sem o mínimo de arrependimento posterior, mandar para o "c@r@(h0" só por dá cá aquela palha... Agora imagine-se em frente a esta viatura a repetir o processo descrito acima no mínimo 4 a 5 vezes ao dia.

Aperta pranchas, aperta tendas, bagagem, colchões, sacos cama, cadeiras,estojos, estojinhos, estojões, saco disto, saco daquilo....etc, etc, etc.

Admita que a meio do segundo dia, as ofensas pessoais seriam uma constante e proferidas numa linguagem que de tão obscena que poria a corar de vergonha um qualquer Fernando Rocha.

Ora acontece que não é à toa que estas cinco personagens foram escolhidas para integrar o grupo base dos "Xaral Soul Surfers"... Na verdade o que se passava era que chegada a hora do trabalho:

1-Roy Mckee, constantemente sobre o efeito de....hmmm...digamos...calmantes...encostava-se a um canto e invariavelmente acendia o seu cigarro. Há quem aprecie muito o cigarro depois do café...outros desfrutam-no antes de jantar. Roy Mckee, de gostos singulares, apreciava-o na hora do expediente.

2-Johny Begood
, fruto do mero acaso, tinha sempre um sms importantissimo para enviar nessa altura, um assunto imperativo para resolver ao telefone...ou uma qualquer micose que necessitava urgentemente de uma coçadela dedicada.

3
-Ao que o resto da pandilha chamava de "não fazer ponta de um corno" Long Borda Luigi chamava coordenar. Fazer Roy Mckee admitir que ainda não tinha mexido uma palha era também tarefa sua. Ao que Roy muitas vezes em avançado estado de letargia, respondia afirmativamente com uma expressão que se pudesse ser traduzida por palavras não andaria longe do vulgar "vai-te cansando" ...ou quem sabe do mais rebuscado "tá bem abelha"!

4-André Iran
devido á sua proximidade com as mesmas, ocupava-se invariavelmente com o processo das pranchas e tendas. A este era Johny Beggod que tinha a tarefa de convencer que também ele não tinha até então, feito "ponta de corno". -" Não fazes nada calão!!! Um dia vais acordar, levantas-te, olhas-te ao espelho e dizes para ti próprio. -"Sou um cagalhão"". O seu a seu dono, Iran cumpriu escrupulosamente a tarefa.

5-Michael Begood
leva a Medalha de Honra da Ordem de Ochiluppo por serviços prestados á comitiva Xaral Soul Surfers. Devemos decerto a este jovem, o facto de a unidade do grupo não ter sido ferida de morte. Haveriam provavelmente feridos e mortos caso Michael não se prestasse a muitas vezes perante a inércia dos outros, a concluir "a tarefa". Feridos e mortos talvez seja exagero.Mas calduços e belinhas haveriam com certeza...

Era o primeiro dia em Hossegor, vila esta que viria a tornar-se o ponto de referência desta nossa viagem. Depois de checado centro da vila onde abundavam as surf-shops das mais conhecidas marcas da indústria do surf seguiu-se a procura de um qualquer beach break que tivesse qualquer semelhança, por mínima que fosse, com as imagens que nos inundavam a alma. Hossegor é palco de alguns dos mais importantes campeonatos mundiais e qualquer surfista que se preze sabe que é lá que residem provavelmente alguns dos melhor "fundos de areia" do mundo. O que provavelmente muitos não saberão é que são nesses mesmos fundos de areia solta que se solidificam algumas das melhores amizades do...universo.

Pelo menos do meu...






Friday, September 15, 2006

O dia mais longo!

Não adivinhava se tinha sido acordado pelo ronco do meu companheiro Roy, que profundamente dormia a meu lado, ou pela claridade que invadia agora o espaço contra qual as pouco opacas paredes de nylon nada podiam fazer. Já ao meu companheiro parecia-me improvável que alguma manada de búfalos a passar ali em frente o acordasse.














Subitamente olho para dentro da nossa "voiture" e por instantes estranho o facto de estar um corpo lá dentro. Quase me esquecia que André Iran, tinha optado, e aqui entenda-se "optado" como "não se ter dado ao difícil trabalho" de orientar uma tenda. Preferiu assim "acarrar" ao invés de acampar. Não alheio o facto de ter de partilhar o espaço com seis pranchas de surf, passou três dias de extrema introspecção, até lhe cair uma tenda do céu, episódio mais á frente retratado. Não fosse isso , e estou convencido de que este se estava a tornar ele mesmo numa "tábua de surf". Ao segundo dia deixou escapar que devido ás suas cómodas isntalações já estava cheio de dores no "stringer" e que cada vez lhe apareciam mais "dings" pelo corpo todo. Faltou pouco para o ver com um "chop" preso ao cú e de barriga encerada com "wax".


















Vou até à praia e rendo-me à beleza do meio envolvente. Les Cavaliers é uma praia nas imediações de Biarritz que contrasta em muito com a praia urbana de onde tínhamos chegado. Fica a meio caminho entre a "praínha da moda" e o "secret spot". Depois do parque de estacionamento, o acesso à praia é feito por uns caminhos no meio de uns bem tratados prados verdes. Tem um café de dimensões consideráveis que serve as famosas "baguettes", serviço de restaurante, e um ambiente Self-Service que desde logo agradou à nossa comitiva. Roy Mckee fez questão de que nenhuma sandes ali, fosse uma sandes perdida. Era a sopa dos pobres!
Mas a viagem tinha um plano. E esse plano envolvia surfar ondas de qualidade que, devido a uma qualquer tempestade que assolava aquela zona, teimavam em não aparecer.

Ao voltar à base dou-me com a trupe toda acordada e pego na nossa Bíblia. Vale a pena falar-vos da Bíblia. Da autoria de Johny Begood, a Bíblia compreendia informações sobre todo e qualquer spot onde pudessem quebrar ondas naqueles setenta quilómetros de costa que eram o alvo da nossa viagem. Ao abrir este Corão do Surf, podíamos encontrar logo na primeira página um prefácio por, nem mais nem menos que...Jenna Jameson, a rainha da porno! Um prefácio...visual, digamos.









































Montamos outra vez a carroça e seguimos para o check-up das praias das redondezas. Ora o "check" que devia ser "up" revelou-se "down", e andamos numa busca incessante e impaciente por ondas surfáveis. Fomos até Hendaye, onde realmente e de acordo com a Biblia a ondulação era menor, mas tão menor que também concordarmos que o nosso orgulho não desceria tão baixo. Vinte e cinco centimetros moles não iriam ser com certeza a surfada do dia.






























Aliando a isto o facto de termos andado mais de duas horas à procura de uma praia de nome Bidart, que depois de descoberta revelou-se também ela uma desilusão, este era decididamente um dia não, e se não fosse a notícia de que estava a chegar ás nossas paragens um ilustre conhecido de todos, a coisa não se compunha. No entanto vinha aí o "Doutor" com a sua honorável esposa...















O Doutôr e a sua cônjuge Rita Sódurmoemlençoísdelinho Raposo, começavam uma viagem misto de Lua de Mel, com Lua de Fel. E passo a explicar... Mel era o que Rita exigia pelo pequeno almoço...mas fel era tudo o que o Doutor conseguia arranjar pelo preço que ele considerava "justo". O Doutor tinha prometido a si mesmo atingir o primeiro milhão antes dos trinta, mesmo que isso significasse poupar onde mais lhe custava...o conforto da sua Lady. O leitor pergunta-se agora com certeza qual a ligação entre um advogado bem sucedido e uma trupe de surfistas numa trip de pé descalço, mas eu desvendarei já de seguida.

O mundo do surf, surfistas, adeptos da modalidade, entidades ambientalistas, andavam há anos a recorrer a todos os meios legais para o travamento da destruição de algumas das melhores ondas por vários cantos do planeta. E todos os esforços se revelavam infrutíferos contra o poderio instalado dos dirigentes locais. Haviam conseguido adiar algumas desses atentados à natureza mas nunca parar um processo definitivamente. Assim, com alguns amigos pessoais ligados ao surf, o Doutor, apercebeu-se da fragilidade e ingenuidade destas associações contra o polvo do poder. Munindo-se de uma equipa de "advogados do diabo" formou assim um escritório de advocacia que conseguiu já em dois anos impedir a destruição de sete ondas de classe mundial, entre elas a famosa direita do Barbas onde se passará a realizar todos os anos uma etapa do campeonato mundial WBPC (Wondas Boas Pa Carai), e também, a não menos mediática onda humana do estádio da Luz. Por meio de incisivas cartas dirigidas à presidência do seu clube futebolístico, dizem ser da sua responsabilidade o último título nacional das Águias.














Era já tarde, o sol já se havia remetido aos seus aposentos, mas deixava uma aura de luz que nos iluminava as últimas ondas. Neptuno andava enfurecido, mas, quem sabe se não por um qualquer caso antigo , a praia de Biarritz era, naqueles dias, um pouco mais poupada á ira desse Deus do que as suas vizinhas. Apoderámo-nos do chuveiro da praia e fizemos dele o nosso balneário. Hora de banho, com direito a champô e gel de banho. Os sorrisos de quem se dava conta do espectáculo evidenciavam a pouca normalidade daquela situação. Os constantes -"Cest pas possible?" também. De súbito ouvia-se uma linguagem bem familiar ao longe...

Rita Sódurmoemlençóisdelinho Raposo - "....nã, nã....aquilo cheira mal Gonçalo...."

Doutôr-"Mal?? Compramos um brise...parece logo que estamos no campo...oh patroa..."

RSR- "Gonçalo!! Sabes que não sou muito exigente...só que preciso do básico...sais de banho, televisão,muito asseio, vista para o mar de uma lado e para o centro da vila do outro, hidromassagem, secador incluído, pequeno almoço sem fruta enlatada, bla, bla, bla..."

Doutôr - "Oh my gosh!!! - praguejava o Doutôr enquanto levava as mão á cabeça..."

Quando se deu conta de que era observado por cinco macacos que ali estavam parados a contemplar tal espectáculo, de cabeças brancas de espuma e semi desnudados, o doutor não conseguiu esconder aquela cara misto de espanto e de inveja. Também ele queria ser nómada, cigano, deixar o relógio no carro. Ai se a patroa alinhasse.

Mal sabia ele que no dia seguinte a patroa iria mesmo alinhar, e enquanto a sua dama passaria uma bela noite dentro da tenda do casal dormindo profundamente, este seria assolado pelas suas recorrentes insónias. Porém, depois dos relatos de viagem, o casal seguiu a sua procura de guarida, enquanto a comitiva Xaral Soul Surfers foi festejar o 25º aniversário de Long Borda Luigi, a nem mais nem menos do que essa Meca da cozinha francesa, senhoras e senhores, o McDonald´s.

Entre um Big Mac e o outro, ficou decidido que ainda antes do término da digestão estaríamos em Hossegor. Era assim que se decidia por ali. Ao sabor do vento. Ao sabor de uma mistura de molhos de ketchup, pepinos transgénicos e alface de plástico. Ao sabor do dia que se rege pela altura do sol, pela força do vento e intensidade das marés. Ao sabor de uma cerveja fresquinha, à chegada a hossegor, ouro puro, tanto para as nossas papilas gustativas quanto para as nossas carteiras. Ao sabor...perdão...ao som de...

-"Bonjour....bonjour....Police Municipel....camping interdite...camping interdite....demontéé...."

Monday, August 28, 2006

Biarritz... O primeiro dia do resto das nossas vidas!















Uma da tarde... Foram precisos apenas trinta minutos em território Franciú para que claramente se notasse quem realmente dominava essa língua cujos tempos verbais todos atormentara. Dotado não apenas de um vasto vocabulário, mas também de um sotaque irrepreensível, Johny Beggood, sentia-se em casa. Havia-nos previamente avisado de que para ele o francês não tinha segredos, e prometia que também nós não os teríamos. -"Há que soltar a língua..."- dizia ele. No entanto, só no seu primeiro diálogo, numa estação de serviço pouco depois da fronteira é que claramente nos demos conta da dimensão do talento deste, e lhe entregámos o titulo de R.P da Xaral Summer Trip. Parece que ainda o ouço...

JB - "Gasé!!! Gasé, mignon Sinhoré!!! Gasé pour le carré!!!!....Non...Ai o caralhé....Tu est burré ou qué? O qué je querer sapier est donde hai gasé pour le carré pour que nous non queré andaré a gasoliné!!!!"

De dentro do carro , olhávamos os três estarrecidos para o que se passava. Passado pouco tempo Johny teve que se recorrer de linguagem gestual e conseguiu assim decifrar um pouco da estranha linguagem que aquela nativa utilizava. Ao chegar ao carro,e perante a nossa incompreensão do que se acabara de passar logo nos esclareceu.

JB- "Eu sei o que é isto, e já estava à espera. Sabem, é que este pessoal aqui junto á fronteira utiliza uma linguagem que não é bem o francês puro, que é o que eu falo.É uma espécie de Franhol, que eu confesso não dominar tão bem. É uma mistura de Francês com Espanhol...não sei se estão a ver..."

Todos - "Ahhhhhh..."

Assim, mais aliviados por saber que tínhamos tradutor á altura , seguimos caminho e encontrámos realmente uma estação que abastecia o famoso AutoGas.















Parcos quilómetros depois entrávamos em Biarritz, ponto de encontro primeiro com Roy Mckee, que havia já seis horas que enchia chouriços aguardando pelos seus amigos. Depois de sermos assaltados á mão armada pela operadora de telefones móveis francesa lá conseguimos combinar o ponto de encontro. Michael e Long Borda apearam-se então até ao dito spot...mas não havia maneira de avistarem Mckee.

LB - "Epá...não o vejo em lado nenhum...e ele disse que era mesmo aqui...

MB- "Ai o caralhé..." - dizia Michael absorvendo já claramente a primeira lição do seu mano.

LB- "Ali tá o tal hotel...ali o casino...ali o tal semáforo...ao lado do semáforo tá um armário..."

MB - "Ya...mas...opá..." - dizia michael enquanto franzia o olho e colocava a mão servindo de pala para o sol que nos saudava de chapa- "um armário no meio da rua??"

LB - "Sim...é um armario que....que....levanta o braço???

E daquele lado da rua ouvia-se um berro... Aliás , daquele lado da rua e graças ás potentes cordas vocais de Mckee provavelmente em todos os lados de todas as ruas da vila de Biarritz.

Roy - "Yoooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!, Mááááá Fréééndddsss!!!!!!!!!














O nosso amigo Roy estava, contou-nos depois , moldado pelo ferro. Fruto de uma anterior viagem a África do Sul em que se apercebeu da sua baixa de forma, fez uma jura em que, e acusando a responsabilidade de ser um dos escolhidos para a primeira viagem do Xaral Soul Surfers, estaria por esta data em forma física adequada para cumprir as suas funções e entregou-se sem reservas ao exercício da malhação.

Depois de nos juntarmos ao resto da comitiva, depois de matarmos as saudades e depois desmontarmos toda a tralha numa rua pacata de Biarritz transformando uma via pública , numa autentica feira de Carcavelos, foi altura de checarmos as condições do mar e verificar que estávamos em condições de inaugurar a série de surfadas que compreendia esta viagem.














Objectivo 1: Accomplished

Os cinco fantásticos, todos juntos, no palco que assistira ao nascer do Surf na Europa. Também nós ali assistíamos ao nascer de qualquer coisa. O projecto "Xaral Soul Surfers". Era este sentimento de dever cumprido misturado com a sensação de que o melhor ainda estava para vir, e de que este seria o primeiro dia de nove ou dez desse melhor, que ocupava o pensamento de Long Borda quando de repente...

LB -"Raios!"- E olhava em volta para tentar perceber qual do elemento do crowd se tinha acabado de aliviar. Tinha entrado em "zona de mija". Aquela sensação de quentinho já lhe era familiar, mas quando protagonizado pelo próprio a coisa não adquiria os mesmo contornos. O de "falta de respeito".

LB- "Mas..." - a não ser que todos os vinte ou trinta surfistas que compunham agora o crowd do pico que explorava se tivessem aliviado ao mesmo tempo, a explicação só poderia ser uma. Confirmou-o quando ouviu Mckee berrar...

Mckee - " Uuuuuuhhhhhh Yeahhhhhh!!!!!!!!!!. Liagaram o esquentador!!!!!!!!!!!!!!"












Água quente. Surf de Calção. A coisa não podia melhorar....mas melhorou....

A noite caiu, tratou-se da janta, requintada como manda a lei ou não estivéssemos em território francês. Até me parece que o lema da Francia é mesmo " Enlaté? Jamais!!!" E como bons portugueses...aliás mindericos...preparámo o "gourmet" ali mesmo, á beira da estrada.




























Já fartos de amizade e de atum, chegava a altura de nos prepararmos psicologicamente para o segundo objectivo mais importante da viagem: As Gaijas!
Depois de limpar uns quantos pack´s da pior e mais barata cerveja que se pode encontrar naquele reino, rumámos a uns quantos espaços de diversão nocturna com vista a confirmar a fama da "femme fatale"...a mulher francesa.














Era o descobridor dentro de cada tuga que se manifestava em nós. E o descobridor dentro de nós revelou-se um aldrabão, um cigano...o que lhe quiserem chamar. Era a única alternativa depois de constatarmos que o interesse manifestado pelas belas fêmeas existentes naquele habitat se dissipava de cada vez que proferíamos palavras como tendas, enlatados e Portugal. Foi então que ajustámos ligeiramente o discurso para apartamento dos tios em Lacanau, elogiámos os belíssimos restaurantes e a cozinha francesa, e da mesma maneira leviana com que qualquer jogador da bola brasileiro faz, mudámos a nossa nacionalidade. Éramos agora Australianos. E se antes elas fugiam....agora eramos os melhores partidos da noite Biarritziana.
Já lançadas a sementes em Biarritz agora era só esperar que o sol e a água do mar fizem-se a sua parte para mais tarde colhermos os frutos.
Concordamos que dormiríamos em Les Cavaliers naquela noite, para que o barulho das ondas, a quebrarem ali a meia dúzia de metros, nos adormecessem agora para de manhã nos acordarem. A sorte estava do nosso lado, e aquela hora ainda fomos encontrar um hotel. Mesmo mesmo junto á praia. Nunca hei-de esquecer-lhe o nome...

Hotel Quechua

Saturday, August 19, 2006

A partida...a Largada e a Fugida!

Era tarde. Era já muito tarde e ainda se faziam as últimas verificações ao material. Esta era uma viagem que nos deveria levar ao sabor do vento, mas pequenos utensílios do mundo moderno como um abre latas ou 38 rolos de papel higiénico facilitar-nos-iam o facto de irmos passar a próxima semana no hotel com mais estrelas do mundo. A rua.
Assim, quem por ali passasse aquela hora poderia ao fundo ouvir...
















Johny Begood -"Pranchas...? Roupa...? Estojos de Higiene...?

Michael Begood-"Estão..."

JB - "Intensificador do Bronze...? Creme de dia...? Creme de noite..? Protectores...?

MB - "Também...e o creme do meio dia a atirar para a tardinha, o do lusco fusco, o de depois de jantar e o de antes do pequeno almoço também estão...

JB - "Dinheiro...? Ténis...? Toalhas de Praia....? Camisas de Punho...? Camisas de Vénus...?

MB - "Acho que está tudo mano...mas as camisas de Vénus fui á farmácia e ela bem que procurou lá na caixa que dizia "Begood´s" mas parece que acabaram...agora só tem XXL e ela diz que é capaz de dar...mas eu acho que é porque nunca levou com o "mito". Mas é o que há e vamos ter de fazer como no nosso filme preferido..."

JB - O quê? O..."Com a corda ao Pescoço?" Epá...Michael eu até já que tentei...mas parece que estacionei o TIR nos lugares das bicicletas...

MB - "Não pá...Como no outro....O "Libertem o willy!"

Enquanto os Begood´s debatiam sobre a maneira de se internacionalizarem, Long Borda Luigi checava os seus pertences...

Long Borda Luigi - "Saco cama... aqui.... Tenda...ali...prancha...aqui ....32 caixas familiares de preservativos sabor a Manga/Laranja ali...óculo de sol "EnRay Ban" ...acolá....Popozuda ...aqui...
Hã??!? Popozuda??? Cê aqui?!?!?!"

Popozuda - "E aí seu bobão? Pensou que ia embora sem a sua tchuchuca, é seu cachorro? Discobri tudxinho!...Pensa qui seu docinho dxi côco num pensa não?

LBL - "Mas eu...hã...vou ...hã...hmmm...e....coiso...

E nisto a fogosa Popozuda agarra na cabeça de Long Borda e a afunda no meio dos seu enormes seios enquanto calorosamente profere...

Popozuda- "Fazendo uma surpresa para sua chuchuca...mas sua chuchuca não é boba não. Vai na francia vai...vai planejar tudxinho vai. Chuchuco di sua chuchuca preparando lua de mel para os dois chuchuquinhos....hmmmm qui bom! Mas promete uma coisa pra Popozudinha vai?...Escolhe Mótéu daqueli qui tem sabãozinho piquinininho vai? Prometxi?

LBL- Hmmm?...Uffff ...Sabão?... Simmm! Chuchuco prometxi...Mas ...Popozuda minha luz...como cê deslindou tudinho assim?

Popozuda- Popozudinha meio qui andava disconfiada...pegar fruta na francia quando toda a gentxi sabi qui lá só tem queijo...e chchuquinho todo excitadinho cada vez que si fala na francia no noticiário...Só podia ser coisa especial...não fruta! Foi aí qu você deixou a sua maquininha aberta e recebeu cartinha dxi correio...eu não resisti e li mensagem dxi seu amigo Mckee que dizia o seguinte...

- "Puto...já tenho tudo orientado...telefonei prái ontem á tua procura e atendeu a tua chica...epá ia-me descaindo e contando tudo. Esqueci-me que n era para dizer nada... Não sei se ela desconfiou quando perguntei se tu já tinhas tratado dos comes e bebes... Eu sei que se ela descobre estraga-te a festa toda...desculpa man! Estás preparado para a viagem da tua vida na companhia de quem mais gostas? Abraço
















Long Borda respirava de alívio e escondia propositadamente o sorriso que teimava em aparecer no canto da sua boca. Esse furacão brasileiro era um fenómeno da natureza que uma vez accionado era impossível ser travado, e por sorte, Roy Mckee, a 2600 km´s de distância tinha-lhe descalçado essa bota. Claro que para ajudar, o facto de ser de longa data que o desentendimento entre os dois neurónios que habitavam o amplo e ecoante salão cerebral de Popozuda travavam em realção á côr preferida da sua anfitriã, os impedia de trabalhar em conjunto. Em equipe estes, poderiam ser capazes de feitos extraordinários como o de , por exemplo, compreender o funcionamento dos sensores de movimento dos corredores da redacção do Xaral Soul Surfers. Bem chegando as 7 da tarde, lá andava Popozuda a fugir e a esconder-se de porta em porta, em recorrentes perseguições.. - "Ué? Onde cê está? Não si esconda nã0! Qui cê quer daqui? Vai embora vai... Chuchuco...aqui tem íspirito maliguino! Tem dxi chamar Pai dxi Santo tem.

Estranhamente, no meio de toda a azáfama dos instantes anteriores á partida, André Iran, permanecia sentado, perto da viatura, de olho semi-cerrado, como que em transe. Ao principio, Long Borda ao reparar na estranha figura não interveio com medo de interromper um qualquer ritual de despedida. Porém, passados alguns minutos não resistiu e ...















LBL- "Então pá? Já checaste tudo?"

André Iran - " Já...mas vou checar ainda outra vez"

LBL - " Ah...fazes bem...para um gajo não se lembrar a meio do caminho de uma porra qualquer que ficou para trás...então dá-lhe aí que isto tá quase..." - e nisto virou costas para retomar a sua tarefa, sem deixar no entanto de ouvir Iran dizer...

AI- "Prancha mar grande...aqui...Prancha mar pequeno ali..."- ao que se calou por instantes para a seguir elevar a sua voz em direcção a Long Borda. - "Oh Borda...Eu tou com tudo!"

Depois do carro carregado foi altura de ligar para os paitrocinadores da viagem prometendo-lhes que as suas expectativas não sairiam goradas e que traríamos reportagens do melhor que se pode conseguir , dentro do universo que engloba Surf eGaijas das boas de Top ou All less. Foi altura ainda de contactar o nosso patrocinador oficial "Ramirez" e prometer que trariamos também na sacola o relato de "Como sobreviver 9 dias á base de tudo com Atum". Era hora de dar á chave e seguir caminho. Podíamos ver pelo espelho, atrás de nós, o proprietário da Cândinho Rent-a-Car, que em jeito de despedida berrava a plenos pulmões...

-"O óleo é 25/40 meus sacanas....25/40!!!!"

E seguiram-se 893 quilómetros até onde a crew nacional se juntaria á participação internacional de Roy Mckee...e aí sim a Xaral South France Summer Surf Trip iria verdadeiramente começar...

Tuesday, August 15, 2006

A Partida

Depois de séria dúvidas quanto ao cumprimento da odisseia do Xaral Soul Surfers originadas em parte devido á tardia confirmação da Cândinho Rent-a-Car acerca da disponibilidade da viatura por nós requisitada , a Xaral South France Summer Surf Trip tomava agora o caminho da certeza. Depois da transformação da viatura com vista a cumprir os propósitos a que se destinava, encontravamo-nos agora, não em frente ao original Audia A4, mas a um modificado Audié A12. Á tradução francesa do original nome alemão juntou-se a designação numérica doze, que resulta da soma da soma dos 5 elemento que viajariam no habitáculo, mais as seis princesas que no exterior nos acompanhariam, firmemente apertadas contra o tejadilho do Bólide.
Ora, 6+5=12!?? Perdão. Como é possível esquecer o ser de designação desconhecida que durante dois mil e quinhentos quilómetros nos acompanhou, nos bons e maus momentos, habitando dentro do intestino delgado do nosso companheiro André Iran, e que ocasionalmente se expressou sob a forma de gases de intenso odor, que fariam o mais fedorento queijo françês parecer a ultíma criação da mais conceituada perfumaria Parisiense. Investigações posteriores apontam para a possibilidade de provavelmente termos viajado na companhia de um "Quasi Murtiferus" um parasita que deposita os seus óvulos em caixas de cereais de pequeno almoço, que posteriormente são chocados no estômago do Hospedeiro, e que já em idade adulta e através dos canais intestinais solta misturas gasosas ricas em, por entre outros constituintes , gás propano e butano. Certo é que a tomada de decisão no que toca á ligação da boca do anús de André Iran á câmara de combustão do veículo se revelou acertada e este combustível "bastante renovável" rentabilizou em muito o balanço financeiro final. Mas como nem tudo é perfeito. aquando das ocasionais fugas de gás no sistema de admissão , o coro ouvia-se uníssono...

-"André!!!!Fooooodaaasssseeee!!!!!! Outra vez?!?!?



Mas falemos do conceito de Partida. Não me sai da cabeça que Partida significa rumar.A um destino maior , que não a casa da prima, ou á mercearia. -Partida...largada...fugida!!! E pensava eu que este conceito era geral. Se esta viagem não tivesse servido para mais nada, teria pelo menos servido para perceber que estava errado. Á hora combinada, a hora da Partida, lá estava eu na sede dos Simone Local, para me juntar á comitiva, quando dou de caras com Michael Beggod já ao volante do nosso Audié, de sorriso na cara e atitude despreocupada...

MB -" Tá quase oh long borda...vá...já venho!"- enquanto saía de marcha ré..

LB- Uooouuuoooouuu....Ei!...mas onde é que tu vais pá?

MB - "Então...vou ao Dentista!"

Carregado com uma mochila mega-atulhada...de prancha debaixo do braço, não consegui formular uma resposta. Nem um insulto.Nada. Afinal a hora da Partida era para Michael BeGood a hora do dentista, como era para Johny Begood a hora da farmácia, ou como pude constatar dentro da residência do Simone Locals, para André Iran, a hora do Lanche! Partida esta com ligação directa a uma escala de hora e meia na casa de banho. Foi naquele momento que percebi que haviam duas hipóteses. A primeira passava por ser "O Chato". A segunda era dar uso ao velho ditado e sabendo da impossibilidade de sair vitorioso num combate por pontualidade...juntei-me a eles. Assim, olhei para o meu Swatch negro, companheiro de tantos e tantos atrasos, mas conscientes, e sussurrei-lhe baixinho....-"Tu....ficas em casa!"

Tuesday, July 11, 2006


Long Borda Luigi

O mentor do Projecto Xaral Soul Surfers é tido na comunidade surfística nacional como um "revivalista". Quantas vezes não o vimos já defender a velocidade da sua velhina Single Fin quando confrontado com os desenvolvimentos da industria do surf? Quantas vezes não o vimos já vibrar com relatos de Nose ridings eternos nos beachbreaks da sua "Local Beach"? Pergunto mesmo, quantas vezes não o vimos já relatar o tão famoso mito do tubo de 16 segundos brilhantemente executado pelo próprio , enquanto constatamos que euforicamente "rega" com quantos dentes tem?
Embora não lhe seja sabida grande afficion pelos desportos de bola, foi no futebol que os seus amigos encontraram inspiração para o apelidar. Invocando a célebre alcunha de "Engenheiro do Penta" atribuída a um conhecido treinador de futebol, aquando da conquista do seu quinto titulo, Long Borda Luigi, é carinhosamente conhecido no seu meio como o "Engenheiro do Tenta".
Tenta, tenta,tenta...mas nunca parece chegar ao fim da demanda à qual se propôs. A de juntar todos os seus companheiros de line up num Endless Summer ....de 10 ou 15 dias!

Hábil usufruidor de todos os seus 5 sentidos, a ele não lhe foi concebido nenhum dom extraordinário. Aliás...talvez lhe tenham roubado qualquer coisa á nascença.A vergonha.
Por vezes passeia-se nuínho como veio ao mundo como é o caso da situação em cima retratada quando numa esplanada no Brasíu exibe o seu físico espadaúdo, apenas cobrindo a região púbica com uma bandeira da nação que o vira nascer.
No demorou muito até que as nativas corressem a empacotar os seus pertences e, boquiabertas com as proporções do "menino" começassem em debandada a mudar-se para terras de Nossa Senhora de Fátima. Foi assim que recrutou a "Popozuda", a primeira assistente do Xaral Soul Surfers, que viria a revelar-se fulcral no desenrolar dos acontecimentos na redacção da publicação, assegurando-se por manter o ..."bom ambiente".

LBL- Não, nunca mais me esqueço...ela chega ao pé de mim, tava eu nuzinho, tira-me a bandeira do colo, ajoelha-se e diz: -"Nossa Sinhora..." Epá...e nisto começa a "rezar". Eu deixei-me estar pá...e como ela sabia o Pai Nosso todo de trás prá frente convidei-a para integrar a nossa equipa. Epá...e agora todos os dias ela vai lá rezar o terço ao meu gabinete.

E foi precisamente assim que se iria desenrolar o mais importante acontecimento da recente existência da Xaral Soul Surfers...

Popozuda - Quirido! ...cê já foi na Frância?Dizem qui é muito do romântico...já imáginô? Os dois , na torri Aíféu...eu rezando de quatro..

LBL-França...!!! É isso...É isso!(Há mais de dois meses que Long Borda andava a engendrar qual o local onde conseguisse reunir os seus camaradas para o tal Endless summer...e foi justamente o ser com menos neurónios e mais vontade de rezar que o ajudou...Isto é Deus! Com tanta reza, conseguimos. -"Popozuda.. cê é uma génia da lâmpada. Anda cá para eu te esfregar todinha..."

Popozuda - Vamo na Francia mô?

LBL - Vamos...mas olha...vamos para a apanha da fruta..tu vais andando já à frente que eu tenho de combinar....hãã...hmm...com o homem...hãã...dos cestos...é isso dos cestos da fruta!

E é assim que começa a Xaral South France Summer Surf Trip...faltava só dar umas "ligadinhas" mas com a experiência da Popozuda adquirida nas linhas sexuais de valor acrescentado, isso - previa Long Borda- iria ser Canja.

Eu por mim...

Long Borda Luigi:

C.O.N.F.I.R.M.A.D.O.








André Iran

"Irado esse Iran...!!!"

Foram estas as palavras Gerry Lopez (brasileiro, como toda a gente sabe) ao assistir a vídeos onde André Iran dava mostras do seu Power Surfing.
Estão na verdade, senhores, a contemplar a face descontraída da maior promessa de surf mundial. Tendo já na sua tenra idade conquistado troféus um pouco pelas costas de todos os continentes, nunca exibiu no entanto, a verdadeira vontade de ver escrito o seu nome nas páginas da história do Surf. Remete-se de tempos a tempos para a sua residência bem nas portas do Xaral, hiberna por vezes por períodos superiores a seis meses até sair ofuscado pela luz do dia das profundezas do seu buraco, exibindo a sua farta cabeleira , fruto de uma histórica discussão, que travou com o filósofo local(que acumula as funções de barbeiro da vila) "Garcia", acerca da contemporaneidade das pranchas de uma só quilha.
Dizem os poucos que com ele privam que se entrega sem meias medidas aos prazeres da culinária. E engane-se quem pensa que me refiro à árdua tarefa envolver-se em elaboradas receitas na busca dos sabores mais originais. Não é ao acaso que adquiriu nos meios mais underground do surf português a alcunha de "O Triturador Humano". Este homem literalmente, papa tudo.
Assim como o seu estômago, este jovem tem medo de muito poucos fenómenos da natureza, sejam eles manifestados na forma de grandes ondulações que atinjem a costa oeste de portugal, ou mais periodicamente nas caganeiras que protagoniza durante horas no seu "trono".

Com este eu falei pessoalmente já que é um individuo pouco adaptado ás delicadezas do mundo moderno, e que poderia, quem sabe, ser incompreendido pela assistente "popozuda" da redacção do Xaral Soul Surfers , devido á linguagem naíf que por vezes utiliza.

LBL - "André Iran...és tu pá?"

AI - " asdf dfjw, oerp, pwoeeeer"

LBL - "Popozuda!!!! Marcaste bem o número???? Acho que ligaste para o Istrangeiro!!!

AI - "Yo...Bróder Luigi...calma pá...tava só a desenferrujar a lingúa que tou a xonar á três dias pá..."

LBL - "Ehehe...então maluco?? Tás bom pá???!!!"

AI - Eia...fala baixo pá...ia tendo uma paragem de digestão com tanto berro...

LBL - Ok, ok...já vi que estás no intervalo do almoço...tenho três palavras para ti e só preciso de uma como resposta. França, Surf, Gajas...

AI - Epá...(hesitante)

LBL - Espera, afinal tenho uma quarta..."CHOCAPIC"!

AI - SIM! ( e desliga o telefone bem na cara de Long Borda)

LBL - "Popozuda...Temos homem!"

Resultado:

André Iran

C.O.N.F.I.R.M.A.D.O.







Michael Begood

Um dos mundialmente conhecidos Gémeos Begood´s, deu inúmeras vezes a volta ao mundo em busca das melhores gajas...oops...ondas, ondas.
Vencedor por duas vezes do titulo mundial do circuito do WBPC (Wuondas Boas Pa Carai), o seu rosto foi capa até a data de nada menos do que 137 publicações no mundo inteiro sendo 130 dedicadas ao desporto que pratica , cinco números da Playgirl , uma publicação semestral de jardinagem (onde aparecia a regar uma árvore mas não com um regador, se é que me faço entender, cujo próprio insiste sublinhar não ter como publico alvo a população homosexual dos U.S.A)...e por fim na capa do jornal de Minde quando por fim acabou o seu curso de "Descascador de amendoins de Primeiríssima Categoria", curso este ministrado nas lendárias instalações da Faculdade de Ciências Sociais e Mundanas "A Botica".

É temperamental e é frequente vê-lo em rixas por entre as ruelas da noite lisboeta. O registo em cima capturado foi consequência de uma conversa com um amigo, aos balcões da faculdade, quando manifestava a sua vontade em prosseguir os estudos, nomeadamente com a ingressão num mestrado de "Utilização do dedo mindinho no descascar do tremoço".
Um novato que passava sorri ao ouvir o que BeGood dizia, e este prontamente se exalta e exibindo a sua força mandibular arranca sem dó nem piedade uma orelha do pobre caloiro. Exibe na foto o seu sorriso sanguinário e contam que terá proferido no seguimento dos acontecimentos algo como:

-"Quero ver como é que agora seguras os óculos carai...!!!! Hás-de pôr os piercings na picha c@br@o..!!!"

Ao ser contactado pela redação do Xaral Soul Surfer prontamente respondeu:

MB- Diz Maria....

Depois de se aperceber que obviamente tinha cometido um erro, reconheceu Luigi Long Borda que agora imitava na gozação ser um elemento do sexo feminino. Este bem se podia esforçar mas a bênção que o irmão recebeu em sensibilidade olfactiva, calhou-lhe a ele em auditiva. Diz-se à boca fechada que consegue ouvir num raio de de 3 km´s cada vez que o seu nome é pronunciado por belos exemplares do sexo oposto...

-"Begood Miachel"- É mel para os seus ouvidos...

LBL: Paneleirote, vamos prá francia?

MB: Epá não sei falar francês...

LBL: Nem eu...mas não há de ser nada...

MB: Epá eu sabia uma frase que uma vez ouvi de uma franciú e não me esqueci mais...como é que era..

LBL: Deixa lá isso...

MB: Já sei! Voulez vous coucher avec moi....!!! É isto. Conta Comigo carai...quando partimos...Ce soir?

Resultado:

Michael Begood

C.O.N.F.I.R.M.A.D.O.


Roy Mckee

Pioneiro do Surf por terras do Xaral , Roy Mckee Pires Matias é filho de peixe e sabe nadar.
Descendente directo do ilustre Matias, personagem de relevo na época auge do longboard nos anos setenta, segue as pisadas do pai e faz do longboard de ondas grandes o seu cartão de visita.
Actualmente fora do país de origem, por razões profissionais, mantém contacto através das novas tecnologias com os seus "mates" de sempre. São aliás as mesmas novas tecnologias que o obrigam a manter-se afastado da areia que lhe conhece os pés. Dedica-se em full time , através de software de elementos finitos, á pesquisa na área de ondas artificiais. Motivado pelo sonho de tornar a sua terra natal num spot de ondas artificiais, confessou várias vezes, quer em público quer em privado, que...:

"-Ainda hei-de entrar no canal junto á serra de Sto António, apanhar um cacete com 3 metrões, entubar-me todo lá dentro ali no "alto do lombeiro" e sair num kick out antes da curva do "perigo-danger"!!!...isto tudo enquanto ouço o "mantas da nossa terra" projectado por uns alto-falantes no meio da serra!!! Que eu não me chame Matias carai!!!"

Ao ser contactado pela Popozuda do Xaral Soul Surfers, e depois de meia hora a cantar a canção do bandido á menina, cujo coração (e respectivo par de tetas) pertenciam já a Long Borda, Mckee disse-nos que não contássemos com ele...

A equipa sofria claramente com a recusa por parte de Roy, um dos pilares de todo o evento, que praticamente sem apresentar explicações, parecia condenar ao fracasso uma expedição que sem ele não seria a "mesma coisa". Roy era Fundamental.

Long Borda Luigi julgou poder valer-se da amizade de algumas décadas e volvidas umas horas...

LBL : "-Yo Puto, epá então não...(interrompido por um berro animalesco vindo de quase um continente de distância)

Roy : Opá!!! Tu és mááluco ó quê? Fdx..."#$"#%...então nã vês que eu tava-me a fazer difícil á boneca...e tu demoras três horas a telefonar...e eu sem o teu número pq tou em viagem pra a Holanda onde vou testar uns modelos hidricos novos...oh f.d.p já me substituiste foi meu ganda merrequeiro?

LBL: Pessoall!!!!!!!!!!!! Vão buscar o livro das presenças....O Mckee está dentro!!!!!!!!!!!!!!

Roy Mckee:

C.O.N.F.I.R.M.A.D.O.